É comum as pessoas que possuem animais de estimação, e os tratam com carinho, serem constrangidas com críticas muitas vezes agressivas. Os donos de bicho, por exemplo, recebem a sugestão de trocar o animal por uma criança pobre. Quem diz isso pode estar pensando que defende os interesses das crianças carentes, mas na verdade está apenas comparando crianças a cães e gatos. Muitos brasileiros, numa visão simplista, tendem a procurar um único culpado para tudo o que julgam errado. Se a seleção vai mal, a culpa é do técnico. Se a economia não vai bem, cai o ministro da Fazenda. Compreender as verdadeiras razões da pobreza e do abandono das nossas crianças é complicado. Fica mais fácil culpar os animais, que não podem defender-se. Como se ao deixar um cão de estimação morrer de uma virose as crianças passassem a comer melhor. O problema do menor abandonado tem vários culpados. As causas primárias são estruturais e não podem ser mudadas por meio de boas intenções ou decretos. Investimentos em saúde e educação são relegados para segundo plano. A má distribuição de renda gera a opulência num extremo e a miséria noutro. O planejamento familiar enfrenta resistência religiosa e de setores ditos nacionalistas, além da indiferença do governo. O Estado negligencia suas obrigações com o bem-estar social, desviando recursos da educação, saúde, moradia e saneamento básico para investir em mineração, siderurgia, telecomunicações, energia e no sistema financeiro. Os menores de rua muitas vezes são fugitivos da violência doméstica gerada por pais ou padrastos alcoólatras. Aí está uma longa relação de culpados de duas pernas pela situação das crianças pobres. Mas há pessoas que entendem que uma criança pobre e um cão têm a mesma necessidade afetiva, revelando sua ignorância, alienação ou má-fé e desprezo pela criança carente a quem dizem defender. Muitos podem ter condições financeiras para adotar uma criança, mas são incapazes de prover suas necessidades afetivas e segurança emocional. A maioria dos que adotam um animal visa preencher um vazio em sua vida. Pessoas idosas, muitas vezes marginalizadas pelas próprias famílias, têm no animalzinho de estimação talvez sua única razão para continuar vivendo. Há inúmeros registros de gente que superou a depressão graças ao convívio com animais de estimação. O contato com eles tem sido preconizado como um excelente auxiliar no tratamento de autistas. Finalmente, não são apenas as dondocas que freqüentam as clínicas veterinárias. Pessoas humildes passam apertado para levar ao seu bichinho o atendimento médico. O respeito, o afeto e o cuidado com os animais não eliminam a necessidade de atenção para com o ser humano. Pelo contrário, aprimoram e complementam a capacidade de nos relacionar com os semelhantes. Dr. José Ricardo Henz, veterinário, Fortaleza, Ceará - Brasil "Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante"
Albert Schwweitzer ( Nobel da Paz de 1952 )
Artigo enviado pela aumiga Fernanda e seus 5 aurteiros filhotes.
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