Tosa, banho e compra de acessórios para bichos de estimação são ações corriqueiras para a maioria dos tutores. O problema é que esta agenda não inclui check-up de rotina dos animais. O Radar Pet, em recente levantamento realizado em todo país com tutores das classes A, B e C, apontou que apenas 24% dos responsáveis levam seus cães ou gatos a consultas periódicas. Descontando os que levam seus pets para tratamentos prolongados, o número cai para 11%, um índice considerado muito baixo por especialistas. Segundo a veterinária Angélica Rocha, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mesmo cães e gatos saudáveis precisam ser avaliados a cada três meses.
Exagero? “Há dois meses atendemos um gato que apresentava sinais de intoxicação e, por já ter tido histórico de envenenamentos anteriores, sua tutora achava que poderia tratá-lo em casa”, lembra a veterinária. “Demos início a um tratamento, mas pouco depois o animal faleceu, de raiva. O animal vivia em sítio e não era vacinado”, conta. A imunização anual contra raiva – oferecida até em campanhas públicas – é justamente um dos itens verificados nas consultas de rotina. Em se tratando de vacinas, as pesquisas são ainda menos animadoras. Dados gerais das secretarias de Saúde das principais cidades brasileiras mostram que, para cada dezena de cães vacinados, apenas um gato recebe a proteção.
“Lembro de um cachorro que estava desenvolvendo uma pneumonia, mas o tutor não sabia e colocou o animal para se exercitar. O esforço piorou o quadro de saúde do cão, que já estava doente e faleceu”, explica Angélica. Convencida por experiências anteriores, a microempresária pernambucana Luziara Fonseca – que admite já ter sido negligente com seus bichinhos de estimação – hoje é apontada como exemplo pela veterinária de Magali, sua yorkshire terrier de 5 anos.
“Magali é a boneca da minha casa. Corro logo para a clínica quando ela apresenta qualquer probleminha de saúde”, desabafa. Segundo Angélica, Luziara faz questão de realizar exames preventivos em Magali. Até mesmo ultrassonografias. Para Luiz Luccas, médico veterinário e presidente da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), check-ups periódicos e preventivos como os de Magali podem inclusive reduzir os custos de tratamentos e prolongar a vida do animal.
Mais do que tratar doenças, o veterinário deve acompanhar questões relacionadas à dosagem de medicamentos, vermifugação, alimentação balanceada e saúde oral. “Cada raça tem uma particularidade e precisa ser tratada assim”, completa Angélica Rocha. De acordo com ela, para citar peculiaridades de saúde de caninos, um cocker spaniel precisa de mais cuidados oftalmológicos; o shar pei e o pug apresentam problemas dermatológicos. Os labradores têm na coluna o ponto fraco, enquanto boxers carregam grande tendência a tumores.
Veja os números da pesquisa realizada em todo país:
- Apenas 24% dos tutores têm o hábito de levar seus bichos de estimação a consultas periódicas
- Descontados os pets que fazem tratamentos prolongados, o número cai para 11%
- No universo de 31 milhões de cães no Brasil, 30% são devidamente vacinados
- No caso dos 15 milhões de gatos, somente 4% são vacinados de acordo com as recomendações dos veterinários
- Mais de 74% dos tutores de cães e gatos da classe A afirmaram aplicar antiparasitário e 73% vermifugarem os animais sem consultar um veterinário.
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