A obstrução do tubo digestivo pode ter diferentes origens. Na maioria dos casos, no entanto, é causada pela presença de um corpo estranho. As conseqüências disso podem ser graves e, por este motivo, é importante fazer um diagnóstico precoce e um tratamento intensivo.
Obstrução Causada Pela Presença De Um Corpo Estranho
Os cães estão muito expostos a este tipo de acidente por causa do seu comportamento alimentar: comem com avidez e engolem a comida sem mastigar, gostam de dilacerar tudo o que levam à boca e costumam fuçar nos sacos de lixo. Deste modo, acabam ingerindo não só ossos como também brinquedos e bolas que pegam das crianças com quem estão brincando, bem como pedaços de tecido ou de plástico e até jóias
Na maioria das vezes estes corpos estranhos seguem normalmente o processo dos alimentos e são evacuados pela vias naturais. No entanto, em alguns casos estes objetos detêm a passagem dos alimentos ou ficam presos, provocando transtornos graves (síndrome oclusiva), que sem a rápida intervenção do veterinário podem ser mortais.
Os objetos engolidos podem ficar bloqueados em três regiões do tubo digestivo: esôfago, estômago ou intestino delgado, que é a primeira parte do intestino. A porção terminal do tubo digestivo, de diâmetro muito maior, se presta menos à obstrução.
No esôfago
Os corpos estranhos ficam bloqueados nas partes estreitas deste conduto, em particular as situadas precisamente acima do coração ou imediatamente antes de chegar no estômago. Nestes casos, o animal vomita os alimentos, inclusive os líquidos, imediatamente depois de tê-los ingerido, mostra-se debilitado e saliva abundantemente. Na falta de uma terapêutica adequada, corre perigo de desidratação e de apresentar complicações infecciosas que podem evoluir para uma pleurisia. O diagnóstico baseia-se, geralmente, na radiografia do tórax, que permite visualizar o objeto causador do problema e julgar os eventuais efeitos (perfuração, pleurisia etc.). Estes dados orientarão o veterinário na sua decisão terapêutica: reidratação, antibioterapia e, principalmente, na extração do corpo estranho.
Para retirar um objeto do esôfago, existem vários métodos, dos quais o mais moderno é a endoscopia. O endoscópio é introduzido no conduto esofágico com anestesia geral. Mediante esse "tubo" o veterinário pode retirar o corpo estranho e observar diretamente as lesões que a sua presença provocou. Na falta deste instrumento, ainda pouco usado por ser caro, ou no caso desta técnica não funcionar, não existe outra solução a não ser a cirúrgica. Neste caso, consistirá numa toracotomia (abertura do tórax), que dá acesso ao esôfago, do qual se retira o objeto estranho. E uma intervenção difícil e pode trazer complicações.
No estômago
Os corpos estranhos no estômago podem provocar diversos sintomas clínicos. Alguns, em particular as pedras, por não acarretarem maiores consequências, só são descobertos por acaso, através de um exame radiológico muitas vezes feito com um propósito completamente diferente.
Outros casos são mais graves: os objetos podem obstruir o orifício de esvaziamento do estômago (piloro), atuando como uma válvula que dificulta a passagem dos alimentos para o intestino delgado. Esta anomalia tem como consequência vômitos, que geralmente acontecem depois da ingestão de alimentos. Outros sintomas são a anorexia, emagrecimento e desidratação, cuja gravidade dependerá da freqüência e volume dos vômitos. Também neste caso o diagnóstico se baseia no exame radiológico. Os objetos opacos aos raios X são visíveis nas chapas simples, isto é, sem meios de contraste, enquanto que os outros apenas aparecem depois do sombreamento da cavidade gástrica por ingestão de bário. Como no caso anterior, a extração do corpo estranho é feita por via endoscópica ou cirúrgica. No caso de cirurgia, o abdômen e depois o estômago são abertos (gastrotomio). É uma intervenção, em geral, bem tolerada.
Nos intestinos
Os corpos estranhos nos intestinos são muito mais freqüentes que os corpos estranhos no esôfago ou estômago. Em geral são bolas, bicos de mamadeiras, ossos ou mesmo agulhas de costurar. Na maioria dos casos ocorre a síndrome obstrutiva. Clinicamente, manifesta-se por vômitos (que podem ser sanguinolentos ou de caráter fecalóide, isto é, semelhantes a fezes), debilidade e desidratação. Além disso, o cão pode adotar posturas específicas que mostram muito bem a dor que sofre: atitude de esfinge, linho superior arqueada, etc. Apalpar o seu abdômen costuma ser doloroso. As complicações são freqüentes: estado de choque depois da desidratação, fenômenos infecciosos (peritonite, septicemia). O diagnóstico pode ser feito através de um exame clínico se o corpo estranho é palpável, mas geralmente é preciso fazer o exame radiológico. Em primeiro lugar, são feitas chapas simples, para descobrir a presença de objetos metálicos ou de ossos, que são opacos aos raios X. Se ainda assim nada for descoberto, o veterinário fará com que o cão ingira bário e observará o seu percurso pelo aparelho digestivo, sabendo que o corpo estranho retarda ou detém a sua passagem.
Uma vez estabelecido o diagnóstico, o veterinário procede à intervenção. Depois de ter administrado, por injeção, soluções e antibióticos, adormece o animal e faz uma incisão na parede intestinal (enterotomia) e, se as lesões são muito graves, tira a parte do intestino que esteja comprometida. Tais operações, em particular a segunda, exigem em geral uma hospitalização prolongada, já que é necessário o controle de eventuais complicações infecciosas e manter o animal corretamente hidratado e nutrido durante os dias em que ainda não puder comer normalmente.
As Obstruções Não Ocasionadas Pela Presença De Um Corpo Estranho
Entre as causas que podem provocar a suspensão do trânsito intestinal estão a síndrome de dilatação, isto é, a torção do estômago, o vólvulo e a invaginação do intestino. O vólvulo é a rotação do intestino em volta de seu eixo, o que provoca a interrupção do trânsito intestinal. Quanto à invaginação do intestino, observada frequentemente em cães jovens que sofrem de diarréia aguda, corresponde à penetração irreversível de um segmento do intestino na parte situada imediatamente depois e as suas conseqüências sobre o trânsito são as mesmas que nos casos anteriores.
Em resumo
A ocorrência da obstrução do tubo digestivo, seja no estômago, esôfago ou intestino pode acarretar graves conseqüências. O animal, na maioria dos casos, superará o problema, desde que sejam tomadas rapidamente as medidas necessárias, O melhor no entanto, é evitar que aconteçam problemas deste tipo. Para isso, não se deve dar ao cão ossos frágeis, e também não se deve deixar ao seu alcance brinquedos que possa ficar mordendo, além de evitar que brinque com pedras, agulhas de costurar e qualquer outro objeto que represente perigo.
Fonte: http://www.dogtimes.com.br/obstrucao.htm
Relato de veterinária na comunidade Animais - Saúde e CIA, do orkut (http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=78138&tid=5415500108636295817&kw=saco+pl%C3%A1stico)
Sacos plásticos, além de sufocamento, podem causar mais comumente obstrução em qualquer trajeto do trato gastro-intestinal.
Quando ocorre a obstrução, é necessário fazer cirurgia para retirada do corpo estranho (neste caso, o saco plástico) e muitas vezes há perda de segmento de alça intestinal já necrosada pelo processo obstrutivo e pela falta de irrigação consequente. Pode haver intussuscepção (um pedaço da alça intestinal engloba o segmento adiante), que é um processo altamente doloroso e grave.
Pode haver ruptura da alça intestinal com extravasamento do conteúdo (fezes) se o problema não for diagnosticado e resolvido a tempo e dependendo da gravidade da obstrução. Se houver ruptura e extravasamento de fezes, ocorrerá peritonite, que é um quadro grave de infecção da cavidade abdominal, podendo levar a várias consequencias, incluindo pancreatite e septicemia.
Não é preciso dizer que é um quadro grave que pode chegar facilmente a óbito.
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