1654. Na praça, no cio

Minha cadelinha está no cio e, neste período, organizei os meus horários para levá-la rapidamente na pracinha sem correr o risco de encontrar a maioria dos aumiguinhos, principalmente os machinhos, pois sei o alvoroço que causa uma cadelinha nesta situação. Sempre olho o espaço da praça e evito passar por um que esteja no nosso caminho. Mas ontem, de manhã, só consegui sair às 10h30min para que ela desse a rápida voltinha e fizesse as necessidades quando, de repente, um cachorro conhecido veio ao encontro dela e, rapidamente, a peguei no colo para esperar a responsável dele aparecer. Ela me perguntou se a minha cadelinha estava no cio e fez aquela expressão conhecida de reprovação quando olhou para a outra mãe de cachorra que a acompanhava. Depois do olhar de cumplicidade trocado entre as duas, dirigiu-se a mim dizendo que cadelinha no cio não poderia passear na praça porque ela estaria incomodando o cachorro dela, deixando-o alterado. Respondi que toda a cadelinha no cio tem o mesmo direito ao passeio que um machinho, e que não precisa ficar de resguardo em casa enquanto na praça macho passeia livremente sem a guia, pois naquele momento ele também estaria perturbando o passeio dela. É a velha reprodução da sociedade machista que não tem a mínima sensibilidade ou compreensão para com o estado em que uma fêmea possa se encontrar. O cio acontece e continuará acontecendo em algumas das cadelinhas que frequentam a pracinha e os machinhos se sentirão irresistivelmente atraídos por elas, mas cabe ao responsável pelo machinho colocá-lo na guia se ele descobrir pelo faro aquele cheirinho tão especial. A minha cadelinha, que ainda está no cio, vai continuar com a mesma rotina, e quero pedir que a respeitem enquanto estiver vivenciando este processo natural, ou experimentem ficar em casa com o machinho... tenho certeza que ele vai ficar muito magoado!!!