Sou a caçula de quatro irmãos. Minha mãe era costureira e meu pai adorava carpintaria. Além disso, estudei em colégio de freiras, que na época incentivava muito as aulas de técnicas domésticas. Cresci vendo minhas irmãs confeccionando seus próprios enxovais e meu irmão montando móveis de madeira em miniatura. Enquanto minha mãe costurava, eu aproveitava os retalhos de tecido para confeccionar as roupinhas das minhas bonecas. Sempre fui muito observadora e aprendi cedo a bordar ponto- cruz, tapeçaria e então não parei mais, pois já tinha certeza que realmente o artesanato é a minha grande paixão.
Você busca inspiração onde?
Adoro estar em contato com a natureza e faço dela a minha grande fonte de inspiração. Geralmente quem trabalha com artesanato tem uma visão diferenciada do cotidiano, pois coloca mais sensibilidade em tudo que faz e ouve. Por isso um lugar, um objeto, uma música ou até mesmo um estado de espírito já são suficientes para estimular uma bela criação.
*
*
E os materiais, encontra onde?
Como é um material de fácil acesso, eu tenho a colaboração de muitos colegas, vizinhos e amigos que separam tampas, latas e garrafas pet. O que acaba trazendo um grande benefício ao Planeta, pois envolve indiretamente grande parte da comunidade.
*
Como é a sua rotina? Como começou o trabalho com reciclagem?
Iniciei o meu interesse pela reciclagem quando vim morar em Porto Alegre/RS. E foi entre um passeio e outro nos parques e praças, que observei o descaso e o estado de abandono do meu bairro. Foi a partir deste momento que conscientizei-me de que o mundo em que vivemos é o que construímos. Daí surgiu o atelier tapera urbana, querendo mostrar às pessoas que é fácil mudar para melhor, basta força de vontade e que cada um pode fazer a sua parte, mesmo que pequena. Foquei a minha visão na quantidade de sacos de lixo que são depositados diariamente nas calçadas, nas caçambas de recolhimento de entulhos e percebendo a grande diversidade de elementos que junto com estes são descartados, descobri que com um pouco de imaginação e criatividade, podemos transformar pequenas embalagens como latas, tampas, garrafas pets e até móveis, em utilitários versáteis e bonitos. Sei que a minha contribuição em benefício deste Planeta ainda é muito pequena, mas a lista com material reciclável que consegui recuperar, já fez uma grande diferença, afinal em apenas um ano de trabalho, o recolhimento destes totalizou 1.299 itens ( entre garrafas pet, latas, rolos de papel higiênico e tampas de plástico).
*
*
Qual peça significa/significou mais pra você?
Realmente é difícil responder qual a minha preferida, até porque, trabalho com várias técnicas, tais como: decoupagem, pachwork, pintura em tela, tapeçaria, bordados. Mas lembro muito bem de um porta-fósforos que fiz no primário, para o dia das mães, era uma bonequinha de lata, semelhante a estas da foto. Na verdade, vejo cada peça como sendo única, exclusiva, pois todas tem seu respectivo valor.
*
*
No processo de criação de uma peça qual a parte que mais dá trabalho e qual a parte que mais te envolve, o que prefere?
O que dá mais trabalho é a preparação da peça, principalmente se for com latas, pois são necessárias várias demãos de primer para a preparação da base, além de serem levadas ao forno, para que se tenha uma boa fixação desta no recipiente. E a que mais me envolve, com certeza, é o acabamento, e nesta hora aproveito para usar e abusar dos detalhes.
*
Já teve algum dia em que não teve inspiração? O que fez?
Sim e muitas vezes. E quando isso acontece procuro desviar a atenção para outras coisas, como ler um bom livro, assistir um filme, fazer caminhadas, de repente a inspiração surge.
*
*
Quando está desenvolvendo uma peça costuma assistir tv, ouvir música ou prefere o silêncio?
Não consigo fazer nada em silêncio. Quando estou desenvolvendo minhas peças, a televisão está sempre ligada.
*
O que te motiva a ser crafter?
Ter consciência de que a minha participação é tão importante como a de qualquer outra pessoa para a sobrevivência deste planeta. Por isso a necessidade de fazer algo que possa contribuir para modificar a atual situação. Esta foi a forma que encontrei de estimular a sensibilidade das pessoas, mostrando-as que é possível unir o útil ao agradável com pequenas mudanças de hábito.
*
*
Dica para iniciantes.
Primeiramente acreditar na sua capacidade, se você gosta realmente de trabalhos manuais, então você pode aprender qualquer técnica. Também não podem faltar o amor, a paciência e a dedicação (o capricho é indispensável no acabamento da peça); responsabilidade (prazos de entrega devem serem cumpridos sempre que possível e muita criatividade (evite copiar). Não tenha medo de inovar. O sucesso de um verdadeiro artista ou artesão estará nos pequenos detalhes que farão a grande diferença.
*
Nome: Fernanda Eliza Eick
Marca: Atelier Tapera Urbana
Cidade: Porto Alegre/RS
Onde encontrar: www.taperaurbana.blogspot.com
Um comentário:
Oi Cris!
Você é muito gentil!!
Obrigada por compartilhar com os aumigos da praça, mais um momento feliz e importante para mim.
Realmente este ano foi muito positivo, pois todo o esforço e dedicação que depositei em uma das grandes paixões da minha vida, que é o artesanato, está sendo reconhecido. Sem falar na agradável oportunidade que tenho de unir o prazer de criar, à imensa satisfação de ter cumprido com o meu dever de cidadã do mundo.
Ano que vem tem mais, se Deus quiser!!
Gde abraço.
Fê.
Postar um comentário